Revivo a ópera antiga, mais antiga que a ópera machadiana da criação do mundo. Ópera que não preciso dividir os créditos, dueto encantado de amor, drama, passado e desespero.
Se o amigo Machado voltasse à vida certamente escreveria um Bentinho feminino, porque a confusão que vai a sua cabeça é digna da alma anímica da mulher.
Mas isso agora é só uma observação. Uma breve observação.
Do Assis aqui quero deixar o superlativismo do José Dias: Um dever amaríssimo. Esse superlativismo que em horas é exagerado em nossas vidas e em outras se faz escasso.
Oh! Flor do Céu! Oh! Flor cândida e pura!
O claustro, a abstinência, a dúvida. Decisões que temos que tomar. O que esperar do outro?
Aprendi a muito que do outro não devemos esperar nada.
A vida é uma entrega, uma doação. Um sacerdócio com direito a todas as leis cristãs. Por mais loucas e difíceis que em certos momentos sejam em nossa razão, em nossa realidade cosmopolita.
Jesus me disse certa vez: - O homem não deve carregar cruz!
E eu acredito nisso, a cruz a gente carrega pra poder fincar no chão subir nela e ver o horizonte.
Ah! O horizonte e seus pássaros. Os pássaros e o horizonte.
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
Ganha-se a vida, perde-se a batalha!
O Machado precisava ter reescrito Dom Casmurro, escrito Senhora Casmurra.
Confuso como uma mulher. Louco de paixão e encantamento com a entrega. Ou então deveria ter internado de vez o Bentinho no Seminário para se tornar um escritor barroco. Com todos os superlativos herdados do agregado e exageros dignos da alma feminina.
Bentinho de Matos. Seria um casamento perfeito. Perfeito em sua loucura exagerada.
Podes vir a afirmar com tudo aqui escrito que tomo as dores de Capitolina, mas desde já: Sou ré confessa.
Capitu é o homem do Assis, sem tantas dúvidas, cheia de certezas, de iniciativas. Pode até ter cometido o tal adultério, mas se o cometeu foi porque tinha alma masculina. Calculista, persuasiva.
E não pense que estou a tecer uma carta feminista ou machista, apenas escrevo constatações.
Capitu a meretriz. Ah! Não creio.
Ainda tento abandonar o Machado, mas ele está aqui sussurrando em meu ouvido, que ele escreveu e eu não tenho poder sobre isso.
Rimos juntos sobre minhas constatações. Rio dele, esse velho louco e são.
Espero que mais tarde ele me abandone para poder mudar a pauta dessa conversa.
Velho louco! Deveria ter escrito livros de bruxaria.
CAPITU (Luiz Tati)
Cantando: Zélia Duncan
"Eu me transformo em outras". 2004
A música que mais gosto é "Capitu", mas o cd inteiro é muito bom. Mudou meu modo de ver a Zélia, na verdade, passei a ouvir Zélia Duncan.