sábado, 3 de abril de 2010

Coisas que Aprendi

Em minha vida sempre tive grandes influências, não precisei sair de casa para encontrá-las, tenho um pai e uma mãe que são os exemplos de quem almejo ser como humana e profissional. Mas além deles (que sabem disso) tenho também um irmão, Rodrigo, 9 anos na minha frente, que provavelmente não sabe, mas durante anos foi a referência que tinha e seguia.

Meu irmão me ensinou a gostar de Cavaleiros do Zodíaco, quando ainda me entretinha com os seriados da Rede Manchete (adorava a Patrine). A recortar a Menina da tampa da margarina Claybom (e eu achava aquilo muito especial). A amar minha irmã, porque ele a amava e eu achava isso lindo. Tentei aprender a andar de skate porque ele andava e era bom nisso, mas logo descobri que não tinha talento.

Isso nos anos em que ainda morava em Barra da Estiva e ele vinha nos visitar. Algum tempo depois nos mudamos para Ipiaú onde a convivência me ensinou mais algumas novidades.

Comecei a ouvir Legião Urbana e Engenheiros do Hawaii porque ele ouvia e tinha uns discos de vinil – As Quatro Estações, Dois, O Papa é Pop – em seu quarto. Me abrindo para um outro mundo da música, diferente da MPB ensinada pelos meus pais.

Aprendi com meu irmão que não sou boa mentirosa, quando pediu segredo sobre uma voltinha de carro escondido de minha mãe (não agüentei aquele dilema moral de trair meu irmão ou omitir algo – que na época eu julgava gravíssimo – para minha mãe, nem 15 minutos).
Tentei aprender a tocar gaita (porque ele tocava), mas novamente – Desastre – tenho uma gaita até hoje e juro para mim que um dia ainda aprendo.

Me ensinou que é preciso ter coragem para um dia sair de casa ir para uma cidade estranha, sem gente conhecida para fazer uma faculdade. Admirava o fato da diretora da escola dizer para todos que sabia que meu irmão passaria na Estadual para Direito – porque a prova tinha questões abertas e ele era muito bom para argumentar. Eu dizia para todos os meus colegas que meu irmão fazia direito na UESC.

Seguindo para Conquista, eu crescia, as coisas mudavam e lá estava ele, presente em minha vida, me ensinando (mesmo sem saber).
Aprendi a escrever com letra de forma (porque ele fazia e eu achava o máximo). A gostar e enfeitar meu nome (porque ele escrevia o seu com orgulho – e que se dane quem acha que ter orgulho de algo é ruim!).
Ele me ensinou que para aprender é preciso Ler, Ouvir e Escrever (dessa forma me fez gostar de geografia, quando estudou comigo em voz alta.)

Anos se passaram, idas e vindas foram se formando em nossa história, mas ele continuou me ensinando. Me falou uma vez que dor de amor passa (e passa mesmo), que seria difícil, ia doer, mas passava (e aqui estou!).

E hoje, fazendo um balanço de tudo que ele foi e é em minha vida, eu aprendo com ele novamente um novo sentido para a palavra família.