De mendigo que implora, do bandido que geme
Da criança que chora, da fraqueza que treme
Deves ter compaixão
Cada ente que encontras, cada vulto que passa
Seja em vida e alegria, seja em dor e desgraça
É sempre teu irmão
Deves ter compaixão
Cada ente que encontras, cada vulto que passa
Seja em vida e alegria, seja em dor e desgraça
É sempre teu irmão
Mata a fome daquele que quebrantado implora
Consola as aflições do que pedindo chora
Um pedaço de pão
Recobre-lhe a nudez, dá-lhe um teto, um abrigo
Seja o gesto do homem, sempre um gesto amigo,
Abre teu coração
Não separe nunca diferença de crença
Cada um tem seu Deus, de acordo com o que pensa
Confome sua luz
Ensina ao que ingnora, ampara-lhe as fraquezas
Repreende ao que erra, consola-o nas tristezas
Qual faria Jesus
Perdoa ao que nas trevas, como fera bravia
Te odeia, te maldiz, insulta e calunia
Pois não sabe o que faz
Perdoa-lhe as ofensas, pois também tens teus crimes
E a ti tu perdoas, é a ti que tu redimes
E concedes a paz
São bem poucos os livres nas multidões imensas
O vício, a treva, a dor, a mania e as descrenças
São terríveis grilhões
Procura libertar aqueles que encontrares
Só assim, serás livre junto aos que libertares
Dos vícios e das paixões
Há dores tão profundas que o homem não consola,
Nem carinho amigo, nem a caridosa esmola
Conseguem reprimir,
Roga a Deus por quem sofre. Verás maravilhado
Que ouvindo o Onipotente, teu irmão consolado
Talvez possa sorrir
Pratica estes preceitos, sem pedir recompensa
Receberás a paga em luz que se condensa
Nos sentimentos teus
E exercerás na terra uma função divina
Pois serás como os anjos, Oh! Alma peregrina
Instrumento de DEUS.
OTTÍLIO MACHADO