terça-feira, 30 de novembro de 2010

FONTE DE ÁGUA VIVA


De mendigo que implora, do bandido que geme
Da criança que chora, da fraqueza que treme
Deves ter compaixão
Cada ente que encontras, cada vulto que passa
Seja em vida e alegria, seja em dor e desgraça
É sempre teu irmão
Mata a fome daquele que quebrantado implora
Consola as aflições do que pedindo chora
Um pedaço de pão
Recobre-lhe a nudez, dá-lhe um teto, um abrigo
Seja o gesto do homem, sempre um gesto amigo,
Abre teu coração
Não separe nunca diferença de crença
Cada um tem seu Deus, de acordo com o que pensa
Confome sua luz
Ensina ao que ingnora, ampara-lhe as fraquezas
Repreende ao que erra, consola-o nas tristezas
Qual faria Jesus
Perdoa ao que nas trevas, como fera bravia
Te odeia, te maldiz, insulta e calunia
Pois não sabe o que faz
Perdoa-lhe as ofensas, pois também tens teus crimes
E a ti tu perdoas, é a ti que tu redimes
E concedes a paz
São bem poucos os livres nas multidões imensas
O vício, a treva, a dor, a mania e as descrenças
São terríveis grilhões
Procura libertar aqueles que encontrares
Só assim, serás livre junto aos que libertares
Dos vícios e das paixões
Há dores tão profundas que o homem não consola,
Nem carinho amigo, nem a caridosa esmola
Conseguem reprimir,
Roga a Deus por quem sofre. Verás maravilhado
Que ouvindo o Onipotente, teu irmão consolado
Talvez possa sorrir
Pratica estes preceitos, sem pedir recompensa
Receberás a paga em luz que se condensa
Nos sentimentos teus
E exercerás na terra uma função divina
Pois serás como os anjos, Oh! Alma peregrina
Instrumento de DEUS.

OTTÍLIO MACHADO

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De um Convite de Formatura

blog.cancaonova.com/fotosquefalam

Oração aos Moços

Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar.
Vulgar é o ler, raro o refletir.
O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila.
Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas.
Já se vê quanto vai do saber aparente ao saber real.
O saber de aparência crê e ostenta saber tudo.
O saber de realidade, quanto mais real , mais desconfia, assim do que vai aprendendo, como do que elabora.

Rui Barbosa