Trigêmeas sem cabeças vestem: Jornal de ontem, costurado com moderna fita adesiva.
Manequins sem dedo: "Lulalismo" ou acidente de trabalho?
Trigêmeas sem cabeças vestem: Jornal de ontem, costurado com moderna fita adesiva.
Manequins sem dedo: "Lulalismo" ou acidente de trabalho?
Temos uma disciplina na faculdade ministrada por uma dupla de professores. Apesar do jaleco e dos jargões típicos dos bioquímicos, logo os imagino vestindo a calça de peão de currutela e cantando “No dia em que sai de casa minha mãe me disse...”
Leandro e Leonardo, Chitão e Xororó, Chrystian e Ralf, Gino e Geno, Rionegro e Solimões, Pena Branca e Xavantinho. Os nossos protagonistas, Paulo e Xandão, seguem a mesma lógica das famosas duplas de “Goiás”, isto é, um maninho ajuizado e outro sem noção. Um dia ainda verei a dupla carioca trabalhando junto com os “cumpadi goiano” no programa “Amigos”, nem que seja na equipe médica.
Voltando do meu devaneio breganejo...
Os dias na faculdade são cansativos, mas não monótonos.
Em um dia uma exposição sobre a legalidade do aborto...
No outro alguns elétrons saltando de átomos...
Mais tarde umas vias ultra mega metabólicas...
E nossa dupla segue, na FMP, dedicada a ensinar as vias, os ciclos, e todas as formas que o nosso corpo encontra para “facilitar” (para ele é claro, porque para nós, estudar toda essa via crucis é um tanto penoso) o objetivo final de nos manter vivos e ativos.
Nossas células cortam um dobrado para dar conta do recado enquanto nós, estudantes assoberbados, temos que desfilar o rosário tentando entender todas as voltas que dão para chegar ao produto final, produto por vezes bem mais simples que algumas canções de dor de cotovelo.
Enfim o ciclo de Krebs, que recebe o nome de outro alemão! (Mas os alemães ainda terão um texto só para eles)
E lá vai o pobre piruvato entrando na danada da mitocôndria...
É o inicio de uma das mais encantadoras formas de obtenção de energia das células. Porém, no meio das isomerases, das enzimas que fazem e refazem, dos produtos que se interconvertem, lá para o meio do segundo tempo de aula, eis que surge mais uma das fantásticas analogias, diga-se de passagem, “bastante análogas” da parte sem noção (no bom sentido) da dupla:
“Os intermediários do ciclo de Krebs têm função mais nobre que a de Joana D’arck.”
Interrogações preencheram minha cabeça. Mas fui logo saciada.
“É gente, tem função mais nobre que a de somente lenha para a fogueira.”
Nesse momento não pude deixar de exclamar um “Nossa, que absurdo!”. Porém a tentativa de entreter a turma com uma “piada” mesmo que macabra me conquistou! Como não se divertir? Ainda mais com as paradas para tomar aquele fôlego e concluir, ou continuar um pensamento do nosso distinto “cantofessor”.
O absurdo da analogia nos conduziu a uma serie de comentários e citações que deixariam alguns teóricos da área de humanas consternados.
A origem da vida a partir da sopa de aminoácidos foi até colocada em pauta. E surgiu no meio das duvidas o Elemento X.
Tivemos citação de Albert Einstein (Afe! Outro Alemão): “Deus não joga dados ao acaso”. Retrucada por uma sonora voz que surgiu do fundo da sala: “Deus não só joga dados como também esconde um”, falou um colega de classe citando outro desses teóricos que nem vou procurar saber quem foi (tenho medo que seja outro alemão!).
No final de tudo, minha mente já divagava, e Deus estava jogando truco com ele mesmo durante a criação e ainda escondia uma “carta na manga”.