Quando eu era criança, eu sonhava que Dom Quixote e Sancho Pança de suas andanças voltavam e paravam em meu jardim.
Em baixo do cogumelo o Pequeno Príncipe conversava com a Raposa: Cativa!!! Cativa!!! Cultivas o que cativas!
Logo adiante Simbá marujo e guerreiro flutuante se entretia com as mil e uma noites.
Ao lado dele voando verdejante estava Pan e sua flauta encantada, tentando permanecer criança enfeitiçando anjos que caiam em lembrança de um amor que não podiam.
Mais adiante o Lobo Mal e a Chapeuzinho trocavam figurinhas da revista em quadrinhos.
Entre Silfos e Elfos surgia o Abaporu com aqueles pés, enormes e cheios de ar sobre as cabeças dos Silfos e dos Elfos a cantar... O Abaporu a macuinizar dentro do meu jardim que não privava ninguém de entrar.
Então como não podia faltar, Édipo e a Esfinge domada não demoraram a chegar, decifrada e sem enigmas era ela agora de seu dono que nunca tivera o complexo Freudiano.
Ora, ora, bem vindo, até o coelho atrasado, branco e bem vestido chegou, não vê está logo ali...
Atrasado, atrasado...
A duquesa não perdoará o meu atraso.
Atrás do coelho, perspicaz e sorrateiro se diverte o cágado astuto, saindo da viola do voador taciturno que não queria trazê-lo ao jardim.
Gargalha e canta na festa no céu, no seu céu no meio daqui.
Até a mônada que cansada de brilhar escurecida estava em algum outro lugar. No jardim voltou a penetrar.
Logo o negrinho encontrou o burrico e os dois seguiram como se nunca tivessem se perdido.
Vejam só com o cachimbo e a toca vermelha é o saci o peralta perneta pregando peça no garoto fujão.
Perdidos os dois em suas artimanhas não sabíamos onde terminava o Saci e começava a criança.
Fogo, Fogo!!! Gritou o beija flor e todos solidários foram lá ajudando com o seu valor, e apagou o fogo anunciado pela pequena e frágil ave.
Perto do tabuleiro de xadrez repousados pensativos no outeiro estavam Pessoa e Espanca, perdidos nos tempos do relógio do coelho. Nada falavam, só entreolhavam, ora pra si ora pra o tabuleiro que ainda não tinha se quer um peão no meio.
Schopeaounhauer e Alencar discutiam observando a novela na tela de plasma pós-moderna...